2.3.09

Súplica (parte 3)

Por Felipe Rezende


Acordei por mais um dia, o que não sei definir se felizmente ou não.

Estou cansado de tudo me ferir, cansado de não mais voar! Perdi meus sonhos bons e não os encontro, agora, por fim, sinto minhas forças se esvaindo de mim.

A palidez tomou conta do meu corpo, que se encontra imóvel nesta cama. Minha última súplica é a morte! E que não demore!

Batem a minha porta. Sussurro: - Entre!. Espanto-me, impossível não reparar meus olhos arregalados e fixos no que acaba de entrar em meu quarto... eram meus sonhos bons!

Será que vieram me ver sofrer, ou simplesmente matar saudade?! Tanto faz, o importante é que voltaram, acho que até já me sinto melhor. Eles me fazem bem, sinto-me revigorado!

Sentam-se ao meu lado, e sob caricias em meus cabelos, adormeci.

Sonhei com brigadeiro, bolo de chocolate e refrigerante. Parece bobeira, mas foi bom! Enfim acordei, e pela primeira vez acordei sorrindo, com vontade de cantar. Cantei! Os vizinhos me olharam surpresos. Cantem comigo! – eu pedia. Alguns me ouviam e me acompanharam.

Sai pela rua pendurando em árvores e rodopiando em postes. Deitei no gramado da praça e ri, ri muito, sob a sinfonia de pássaros.

Voltei para casa, e mesmo dopado de felicidade, não havia como esconder a dor que estava sentindo nas costas. Tirei a camisa. Corri para o espelho. Virei-me de costas. Um grito.

Não pode ser! Olhei novamente. Um sorriso de orelha a orelha estampa meu rosto. Eram asas novas. Dormi, e novamente sonhei, mas sonhei com meu próximo vôo. Era sobre montanhas verdes; com macieiras repletas com aquelas bolinhas vermelhas; e uma cachoeira.

Acordei mais feliz do que nunca, minhas asas haviam acabado seu crescimento, e eu, enfim poderia voar.

Subi no parapeito da janela, ainda de pijama e cara inchada, e me joguei. Voei! Como essa sensação me fez falta. Subi, até estar mais alto que os arranha céus da cidade. Fiquei sem ar! Comecei a cair. NÃO – eu gritava.

Cai sobre o asfalto quente, minhas asas diminuíram o impacto. Dei meu ultimo suspiro! Morri.

Minha súplica chegou... tarde mas chegou. Já não a queria mais, entretanto, estou bem. Agora posso voar sobre as montanhas e não preciso mais de asas.

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.[nao to virando gótico alê, e dei continuação para a história "Cadê minhas asas?" devido a pedidos. obrigado por acompanharem.].

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